Pesquisar

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Os Seres Vivos

Os seres vivos, em 47 dicas. - Os Seres Vivos


1. Entre os seres vivos, constituídos por células, os mais primitivos são os Archaea, seres extremófilos que compreendem os microrganismos anaeróbios mais sensíveis ao oxigênio, os termófilos mais extremos e halófilos cujas enzimas são adaptadas a elevadas concentrações salinas; eles se alimentam de hidrogênio, compostos sulfúricos, manganês e outros metais pesados e dispensam totalmente a fotossíntese e a luz solar como fonte de energia. As bactérias e as algas azuis, cianobactérias, também seres procariontes, com um núcleo desprovido de carioteca (isto os incluía no reino Monera), são incluídos no domínio Bacteria. A maioria dos novos esquemas taxonômicos tendem a abandonar o reino Monera e a tratar Bacteria e Archaea como domínios, conjuntos de reinos, separados.

2. O Reino Protista também é constituído por seres unicelulares, mas eucariontes, com os núcleos diferenciados, revestidos por uma carioteca. Seus principais exemplos são os protozoários e as demais algas, unicelulares e pluricelulares.

3. Os fungos são constituídos por filamentos aclorofilados denominados hifas que constituem um conjunto denominado micélio; alguns fungos não produzem um micélio e consistem numa única célula (leveduras). A obtenção de alimento efetua-se por absorção através das paredes das células, pelo que os elementos nutritivos devem estar em forma de solução. Contribuem com a natureza, na reciclagem da matéria no seu papel de agente decompositor, e com o homem, na biotecnologia, quando usados na produção de bebidas (vinho e cerveja), combustíveis (fermentação alcoólica), alimentos (pão) e medicamentos (antibióticos). Apresentam uma parede celular rica em quitina, substância presente no exoesqueleto dos artrópodos, e acumulam glicogênio como substância de reserva, duas características típicamente animais. Atualmente este grupo é classificado num Reino separado, o Reino Fungi.

4. Os vegetais reproduzem-se por metagênese e apresentam uma fase sexuada, sempre haplóide, o gametófito e uma fase assexuada, sempre diplóide, o esporófito. Nos vegetais sem vasos de condução, as Briófitas, predominará o gametófito enquanto que nos vasculares, Pteridófitas e Fanerógamas, predominará o esporófito. Uma boa regra nos diz que quanto mais evoluído for o vegetal mais desenvolvido será o esporófito, diplóide, e mais reduzida será a fase gametofítica, haplóide; nas plantas com flores um bom exemplo de gametófito é o tubo polínico.

5. As Briófitas, os musgos e as hepáticas, apresentam um gametófito duradouro formado por rizóides, um caulóide e filóides clorofilados sobre o qual desenvolver-se-á um esporófito reduzido, filamentar e aclorofilado que viverá como um parasita as custas do esporófito.

6. As Pteridófitas, como as samambaias e o xaxim, são conhecidas pelo esporófito visível que utilizamos em decoração ou para fazermos vasos para o plantio de outros vegetais constituído por raízes, caule e folhas com vasos de condução (as primeiras traqueófitas na evolução vegetal) que lhes permitiu crescer em altura; o gametófito - protalo - tem menos de 1 milímetro e não é conhecido pela população em geral.

7. As Fanerógamas incluem as plantas que possuem flores e são capazes de produzirem sementes; herdaram a vascularização das pteridófitas e seus esporófitos são conhecidos como ervas, arbustos e árvores. As Gimnospermas, como o pinheiro, a araucária , cycas e ginkgo, apresentam sementes nuas das quais o pinhão é um ótimo exemplo; não formam frutos. As plantas com frutos, as mais numerosas do planeta nas condições atuais, são incluídas nas Angiospermas que são divididas em Monocotiledôneas e Dicotiledôneas.

8. As Monocotiledôneas são geralmente ervas a exceção das palmeiras, únicas árvores, porque o caule não apresenta câmbio e não cresce em diâmetro, raízes são fasciculadas, suas flores são trímeras, as folhas são paralelinérveas e não apresentam pecíolo e as sementes apresentam uma única folha modificada que armazena reservas denominada cotilédone.

9. As Dicotiledôneas possuem raízes axiais, caule com câmbio que produzirá, a partir do início do segundo ano de vida, anéis de xilema e de floema que irão aumentar seu diâmetro , flores dímeras, tetrâmeras ou pentâmeras, folhas retinérveas ou peninérveas com pecíolo mas a bainha estará ausente ou reduzida e sementes com 2 cotilédones facilmente identificáveis quando retiramos a casca de uma semente de feijão, amendoim ou ervilha.

10. Os meristemas são os únicos tecidos vegetais a dividir-se por mitoses originando a si próprios e aos demais tecidos. Os meristemas primários alongam ao vegetal enquanto que os meristemas secundários aumentam a espessura de raízes e caules com mais de um ano de vida.

11. No caule e na raiz o início do aumento em diâmetro rompe e elimina a epiderme que é então substituída pelo súber, popularmente chamado cortiça, produzido por divisões do felogênio, meristema secundário “da casca”. Internamente, divisões do meristema secundário chamado câmbio originarão anualmente camadas de xilema e floema, os tecidos encarregados da condução.

12. Os tecidos vegetais são vivos ou mortos e isto dependerá da composição química da sua parede celular. Os meristemas, a epiderme, o colênquima, o floema e os parênquimas são tecidos vivos, flexíveis, com uma parede celular permeável constituída por celulose ou um isômero da mesma. O súber, o esclerênquima e o xilema são tecidos mortos na maturidade, rígidos, com paredes celulares impermeáveis constituídas por suberina ou lignina.

13. Entre outros anexos a epiderme poderá apresentar acúleos e espinhos. Os acúleos são superficiais, projeções pontiagudas da parede celular das células da epiderme e destacam-se facilmente, como se observa na roseira; os espinhos provêm dos tecidos internos, como os vasos de condução, e são dificilmente destacáveis, como se observa na laranjeira.

14. O homem é um grande consumidor de caules subterrâneos: a batata inglesa é um tubérculo, de crescimento limitado, acumulador de amido num parênquima de reserva e com brotos (meristemas) na sua superfície enquanto a cebola é um bulbo, caule revestido por folhas modificadas denominadas catáfilas (as “escamas”).

15. As raízes geralmente apresentam um geotropismo positivo, crescendo em direção ao centro da terra. Em pântanos encontramos plantas (Avicenia) com raízes com geotropismo negativo, as raízes respiratórias ou pneumatóforos, que buscam ar acima da superfície da água.

16. Os movimentos vegetais podem ser classificados como tactismos, tropismos e nastismos. Teremos tactismos quando forem movimentos de todo o organismo como observamos em algas que buscam um ótimo de luminosidade aproximando-se ou afastando-se da superfície das águas conforme a hora do dia. Tropismos e nastismos são movimentos de órgãos; os tropismos dependem da direção do estímulo (caule que se curva para luz que penetra pela janela) enquanto os nastismos dependem da intensidade do estímulo (“Onze horas” abrindo as flores quando a luz do dia é mais intensa).

17. A banana é um fruto partenocárpico, sem sementes, porque provém do desenvolvimento do ovário da flor sem ter ocorrido a fecundação dos rudimentos seminais ou “óvulos”.

18. A maçã e a pêra são pseudofrutos porque a parte comestível não provém do desenvolvimento do ovário da flor e sim de outra região da mesma; nestas frutas comemos o receptáculo floral desenvolvido.

19. No morango a parte vermelha que comemos é o receptáculo floral que se desenvolveu; os verdadeiros frutos são os pontos pretos (aquênios) que se desenvolveram a partir dos vários ovários de uma mesma flor.

20. Teremos um fruto verdadeiro quando ele for produto do ovário único de uma só flor que se desenvolveu após a fecundação do rudimento seminal ou “óvulo” que originou a semente . Entre os frutos carnosos teremos como mais comuns a baga (o tomate, sem caroço) e a drupa (o pêssego, com caroço pois a semente terá um revestimento rígido).

21. Cada grão de arroz é um fruto seco, com uma só semente completamente aderida ao pericarpo, denominado grão ou cariopse. Não utilize grão para o feijão do qual comemos as sementes retiradas do interior de um outro fruto seco, multisseminado, denominado legume ou vagem. Assim, um prato de arroz com feijão contém duas angiospermas, o arroz que é uma monocotiledônea da qual comemos os frutos e o feijão que é uma dicotiledônea da qual comemos as sementes.

22. Nos animais o primeiro critério de classificação é a presença ou a ausência de tecidos formando órgãos. Os animais sem tecidos que formem órgãos são denominados parazoários e isto descreve aos pertencentes ao filo Poriphera. Os demais animais possuem tecidos verdadeiros, formando algum tipo de órgão, e são denominados eumetazoários (confira na imagem).

23. O segundo critério, utilizado para subdividir os eumetazoários, é a simetria que corresponde a possibilidade de dividi-los, imaginariamente, em partes, uma a imagem da outra. Um bom exemplo de simetria são as mãos. Os animais mais primitivos possuem simetria radial pois podemos dividi-los, por vários planos, sempre em metades uma a imagem da outra como resultado de sua forma que lembra um cilindro. Eumetazoários com simetria radial a vida inteira descreve os animais do filo Coelenterata ou Cnidaria, como a Hydra e as Obélias que constituem um magnífico exemplo de reprodução por metagênese (alternância de formas de reprodução ou de gerações). Os corais são colônias e somente apresentam pólipos.

24. Eumetazoários com simetria bilateral, ao menos numa fase da vida, inclui todos os animais menos os Poriphera e os Coelenterata. Assim, a maioria dos animais somente pode ter o seu corpo dividido por um plano em “dois lados” um a imagem do outro.

25. Para subdividir os animais de simetria bilateral, todos triploblásticos, utilizamos o tipo de cavidade embrionária. Os acelomados não apresentam nenhuma cavidade entre a ectoderma, mesoderme e endoderme e isto identifica animais do filo Platyhelminthes. Os pseudocelomados possuem uma cavidade embrionária entre a mesoderme e a endoderme e isto descreve aos animais do filo Aschelminthes cujo principal exemplo são os nematódeos, como a lombriga. Os celomados possuem uma cavidade embrionária completamente revestida por mesoderme e é fácil lembrá-los pela frase “ama e cor”, anelídeos, moluscos, artrópodos, equinodermas e cordados .

26. Subdividimos os celomados utilizando como critério a origem da boca. Anelídeos, moluscos e artrópodos são protostômios pois a boca origina-se do blastóporo, abertura superior da gástrula e, portanto, já estava diferenciada no início do desenvolvimento embrionário. Equinodermas e cordados são deuterostômios pois neles a boca não provém do blastóporo.

27. Os anelídeos, minhocas, poliquetas e sanguessugas, possuem como característica exclusiva a segmentação ou metamerização homônoma; a mesma unidade repete-se em todo o corpo.

28. Os moluscos são os únicos animais revestidos por um manto, tecido de revestimento capaz de produzir uma concha. Incluem os gastrópodos, como lesmas e caracóis, os bivalvos ou Pelecípodos, como ostras e mexilhões, e os cefalópodos como polvos, lulas e o Nautilus. A exceção dos bivalvos apresentam milhares de dentículos na faringe formando uma estrutura de trituração denominada rádula.

29. Os artrópodos constituem o maior filo do reino Animal e são os únicos com um exoesqueleto quitinoso que deve ser trocado periodicamente num fenômeno denominado de ecdise. Os exoesqueletos antigos, abandonados pela excessiva rigidez que impedia o crescimento, são denominados exúvias.

30. A principal subdivisão dos artrópodos é a Classe Insecta cujos integrantes tem o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome; na cabeça temos um par de antenas, o tórax, com 3 segmentos apresenta 3 pares de patas e o abdome caracteriza-se pela presença dos órgãos de reprodução. Respiram por traquéias que conduzem o ar diretamente a cada célula e excretam pelos tubos de Malpighi que lançarão no intestino ácido úrico, cristalino e sólido, para ser eliminado junto com as fezes, sem a utilização de água.

31. Os artrópodos da classe Arachnida são áceros, sem antenas, quelicerados e possuem 4 pares de patas enquanto os Crustacea são tetráceros, com dois pares de antenas, mandibulados e possuem geralmente 5 pares de patas toráxicas para a locomoção e apêndices birremes abdominais denominados pleópodes para a natação.

32. Os Equinodermas, todos marinhos, como estrelas-do-mar, ouriços do mar e pepinos do mar, são os únicos animais a apresentarem uma variação de simetria em períodos diferentes da vida, bilateral nas larvas e radial nos adultos , e também os únicos a apresentarem um sistema vascular aqüífero ou sistema ambulacral, um conjunto de canais percorridos por água que intervém em várias funções, como a circulação, a respiração, a excreção, a locomoção e a proteção interna.

33. Equinodermas e Cordados são os únicos filos animais celomados, deuterostômios e dotados de um endoesqueleto.

34. Os Cordados possuem com exclusividade uma neurocorda dorsal de origem ectodérmica, fendas branquiais pares na faringe do embrião (no homem originarão as cordas vocais), uma notocorda com função de sustentação embrionária e um coração ventral.

35. Cordados e Vertebrados não são sinônimos. Os vertebrados constituem uma subdivisão (subfilo) dos Cordados incluindo aqueles animais onde a notocorda regride e é substituída primeiro pela coluna e depois desenvolve-se o restante do esqueleto.

36. Outros subfilos dos Cordados são Cephalocordata que inclui o Anfioxo onde a notocorda persistirá a vida inteira da cabeça a cauda e o subfilo dos Urochordata, que inclui as ascídias e demais tunicados , que apresentam notocorda somente na cauda das larvas.

37. Uma maneira correta de subdividir os Vertebrados é dizer que eles apresentam 7 classes atuais: os Agnatha, as lampréias e feiticeiras, que não apresentam mandíbulas e sim uma grande ventosa oral; os Chondrichthyes ou peixes cartilaginosos cujos principais representantes são os tubarões e as raias; os Ostheichthyes ou peixes ósseos com um opérculo móvel revestindo as fendas branquiais; os Amphibia com uma pele lisa, nua e permeável que permite uma respiração cutânea; os Reptilia onde surge a queratina revestindo a epiderme e a impermeabilizando parcialmente e o ovo amniota com casca calcárea e um âmnios (bolsa d’água) que protege o embrião da desidratação e de choques traumáticos; as Aves com seus ossos pneumáticos, penas e sacos aéreos ligados aos pulmões que não só refrigeram os organismos como os ajustam ao vôo e os Mamíferos com seus pelos e glândulas mamárias.

38. Os Chondrichthyes ou peixes cartilaginosos possuem 5 a 7 pares de fendas branquiais externas, minúsculas escamas placóides, uma boca ventral apropriada ao predatismo e uma nadadeira caudal heterocerca, com um raio bem mais desenvolvido que o outro, e uma válvula em espiral no intestino para ampliar sua capacidade de digestão e absorção.

39. Nos Ostheichthyes que incluem a maioria dos peixes atuais não vemos as fendas branquiais porque são revestidas por uma placa óssea móvel denominada opérculo que move-se de acordo com o teor de gás carbônico na circulação. Apresentam escamas visíveis ciclóides ou ctenóides, uma boca frontal e uma nadadeira caudal homocerca com dois raios praticamente do mesmo tamanho.

40. Os Amphibia, justificando o nome “dupla vida” apresentam uma fase larval aquática, os girinos, que respiram por brânquias externas e possuem uma longa cauda e uma fase adulta com respiração cutânea e pulmões ineficazes, pela ausência de costelas. A cauda sofre uma autofagia nos Anuros (rãs e sapos) e mantém-se nos Urodelos (as salamandras).

41. Os répteis representam os Vertebrados que efetivamente conquistaram os continentes pois herdaram características que evitavam a desidratação e exigiam pouca quantidade de água para sua manutenção e sobrevivência no processo de seleção natural: pele revestida por queratina continuamente pelo Golgi das células da epiderme e o acúmulo da mesma para formar escamas ou placas ósseas, combinada a outros elementos químicos, presença de pulmões funcionais pela presença de costelas que permitem dilatar o tórax, diminuir a pressão interna e inspirar e expirar com eficiência, o ovo amniota protegendo a embriões e fetos e uma excreção de resíduos nitrogenados sob forma de ácido úrico, cristalino e sólido. Os maiores representantes foram os dinossauros.

42. A partir dos répteis o processo de evolução faz surgir as Aves e os Mamíferos que por terem um ancestral em comum herdam uma série de características comuns: a pele revestida por queratina que se diferencia em penas ou pêlos, o ovo amniota (entre os mamíferos no Ornitorrinco e no Equidna), o coração com 4 cavidades (2 aurículas e dois ventrículos), uma circulação dupla e completa e uma homeotermia ou endotermia que permite manter a temperatura independentemente das variações do meio externo.

43. As aves são animais tetrápodos com o primeiro par modificado em asas ou excepcionalmente ausente (kiwi), pele revestida por queratina e penas, coração com 4 cavidades, homeotermos, com ossos pneumáticos ligados a sacos aéreos e com a capacidade de voar aquelas que possuem o esterno em quilha (carinatas).

44. Os Mammalia apresentam o corpo revestido por pelos e queratina, são homeotermos, com o coração dividido em 4 cavidades, um diafragma completamente muscular separando o tórax do abdome e auxiliando na eficiência da respiração e glândulas mamárias bem desenvolvidas nas fêmeas.

45. Os mamíferos mais primitivos, endêmicos da região australiana, são os monotremados ou prototérios, dos quais sobrevivem hoje somente o ornitorrinco e o equidna; são ovíparos, possuem uma cloaca, um bico córneo que os assemelha as aves e uma homeotermia imperfeita que os assemelha a certos répteis primitivos.

46. Os mamíferos marsupiais ou metatérios, como o canguru, o koala, diabo da Tasmânia (Taz), o gambá e o opossum desenvolvem uma placenta rudimentar e apresentam como conseqüência uma gestação em 2 etapas que se inicia no útero e completa-se numa dobra da epiderme do abdome da mãe, o marsúpio (bolsa).

47. A maioria dos mamíferos, entre eles o homem, pertencem a subclasse dos placentários ou eutérios, animais onde a gestação ocorrerá totalmente no útero materno e, ao nascerem, somente diferem do adulto em volume corporal e maturidade sexual.